RISCO CARDIOVASCULAR DAS DOENÇAS REUMÁTICAS

Você sabia que as doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes entre brasileiros? A assustadora situação foi divulgada pelo Ministério da Saúde, revelando que cerca de 300 mil indivíduos sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ao ano, ocorrendo óbito em 30% desses casos. A estimativa do Ministério é que esses eventos aumentem em 250% até 2040. E, infelizmente, esse é um ponto de atenção para pessoas com doenças reumáticas.
É preciso você entender que vários estudos e a literatura médica apontam que as pessoas diagnosticadas com doenças reumáticas e autoimunes, como Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Psoriásica e Espondilite Anquilosante, possuem maior risco de mortalidade cardiovascular, se comparados à população geral. A formação de placas de gordura nas artérias, a presença de maior número de fatores de risco cardiovasculares tradicionais e o uso de alguns medicamentos para o tratamento das doenças reumáticas e autoimunes podem piorar o risco cardiovascular. Por isso, é tão importante que você com reumatismo, faça acompanhamento também com um cardiologista de sua confiança.
Medicamentos
Do ponto de vista de estratégias terapêuticas, os anti-inflamatórios e os glicocorticoides incrementam o risco cardiovascular. A situação é o principal motivo para você, paciente, usar esses medicamentos com cautela e na menor dose possível e, claro, com recomendação médica.
Por outro lado, existem amplas evidências que os agentes sintéticos utilizados nos tratamentos do reumatismo reduzem os riscos cardiovasculares. Mesmo assim, é importante seguir todas as recomendações médicas, principalmente, quanto à prescrição medicamentosa, pois o especialista conhece as ações e efeitos colaterais de cada substância. Por exemplo, mesmo que não exista o aumento do risco cardiovascular por parte de alguns agentes sintéticos, há comprovações que podem ampliar as chances de o paciente ter complicações relacionadas a trombose venosa profunda ou embolia pulmonar.
Os tratamentos para a reposição de cálcio também geram dúvidas relacionadas ao aumento ou não do risco cardiovascular. O reumatologista e professor adjunto da Escola de Medicina da Universidade Federal De São Paulo (UNIFESP), Dr. Charlles Heldan, explicou no episódio 25 do podcast Reumatominas, que um estudo com mulheres diagnosticadas com osteoporose na menopausa apontou um incremento do risco cardiovascular para infarto agudo do miocárdio. Porém, segundo o especialista, todas as evidências posteriores a esse estudo foram unânimes em demonstrarem que a suplementação de cálcio não aumenta a calcificação vascular (considerada a forma mais relevante de aterosclerose).
Aterosclerose subclínica
A aterosclerose subclínica é um parâmetro da doença que acontece precocemente e, geralmente, progride por décadas como um processo silencioso. Sendo assim, o diagnóstico é mais difícil e, consequentemente, o tratamento também. Para categorizar doenças subclínicas são necessários exames de imagem, mas ainda existem países, não é o caso do Brasil, que não as colocam em categorias, ou seja, não há padronização em relação ao nível de risco e as percepções adotadas por cada especialista.
O Dr. Challes Halen esclarece que não é possível fechar os olhos para diagnósticos comprovados de pacientes com aterosclerose subclínica, mas também não é necessário investigar todos os portadores de artrite reumatoide, por exemplo. Porém, se existir dúvida por parte do reumatologista, é importante buscar especialistas específicos ou recorrer aos estudos mais recentes, sempre buscando atualização.
Relacionamento com o paciente
É perceptível que o número de medicamentos para o tratamento de doenças reumáticas e autoimunes está aumentando. Com certeza, o motivo é o maior número de estudos realizados por cientistas e também pelas questões de contraindicações e possíveis efeitos negativos, causados por algumas substâncias que, requerem outros fármacos durante o processo.
Por isso, o relacionamento do reumatologista com o paciente é tão importante. É necessário que o especialista eduque o seu paciente para garantir a compreensão dele sobre a necessidade dos medicamentos indicados. Primeiramente, para assumir a posição de médico, é preciso tempo e paciência na relação com as pessoas, podendo ser a parte mais difícil da medicina, já que é a ciência menos exata que os médicos executam.

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