Qual é a relação entre o HIV e as doenças reumáticas?

HIV

A Síndrome da Imunodeficiência Humana (SIDA), também conhecida como AIDS (SIDA em inglês), teve sua primeira descrição em 1981 e desde então se tornou uma epidemia de alcance global. 

Conforme os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil enfrenta uma epidemia concentrada, apresentando uma taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na faixa etária de 15 a 49 anos. Estima-se que no Brasil cerca de 600 mil indivíduos vivem com HIV.

A evolução do tratamento da infecção pelo HIV passou por mudanças significativas na última década. Nos últimos 10 anos, foram desenvolvidos quase 20 tipos diferentes de medicamentos, geralmente usados em combinação, o que alterou consideravelmente a trajetória natural da infecção pelo HIV e a qualidade de vida dos pacientes.

Com isso, foi possível alcançar o controle sustentado da doença, o que resultou em uma maior sobrevida para os pacientes.

Continue a leitura para entender a relação entre o HIV e doenças reumáticas:

 

Existe relação entre HIV e reumatismo?

 

Embora ainda não tenha sido completamente definido o papel do HIV no desenvolvimento das doenças inflamatórias crônicas e autoimunes, há descrição de várias doenças reumatológicas relacionadas à infecção pelo HIV.

Devido a infecção viral crônica algumas condições reumatológicas podem surgir ou se agravar, como a artrite reativa (Síndrome de Reiter) e a artrite psoriásica.

Por outro lado, condições pré-existentes como o lúpus e a artrite reumatoide podem apresentar melhora com a progressão da imunossupressão causada pelo HIV, podendo reativar com o início do tratamento antirretroviral. 

A evolução no tratamento do HIV modificou a frequência e a gravidade das manifestações reumáticas nos pacientes que vivem com HIV, evidenciando a estreita relação entre elas.

Doenças que raramente eram mencionadas nos primeiros estudos, como a síndrome da linfocitose infiltrativa difusa e a artrite associada ao HIV, ficaram conhecidas mas estão se tornando cada vez menos prevalentes graças aos avanços nos tratamentos do HIV.

 

Quais as manifestações reumáticas mais comuns no paciente portador do HIV?

 

Entre as manifestações articulares mais frequentes, se destacam as artralgias, a artrite relacionada ao HIV (geralmente auto-limitada), a artrite reativa e a artrite psoriásica. Todas elas tendem a responder positivamente ao tratamento antirretroviral, mas em casos refratários, pode ser necessário recorrer a tratamentos específicos com imunossupressores. 

No contexto das infecções, tanto a artrite séptica quanto a osteomielite podem surgir, principalmente em casos de imunossupressão avançada, e o tratamento consiste no uso de antibióticos direcionados ao agente infeccioso identificado.

No que se refere às manifestações musculares, a dor (mialgia) é um sintoma observado em cerca de um terço dos pacientes e, geralmente, é autolimitada.

O tratamento com os antirretrovirais também são responsáveis por algumas manifestações reumáticas. Um exemplo é a miopatia por zidovudina (AZT), quadro reversível com a suspensão da medicação, mas que pode gerar dores e fraqueza muscular, afetando aproximadamente 17% dos pacientes que fazem uso crônico do AZT. 

Outras manifestações comuns secundárias ao tratamento são os quadros de hiperuricemia e gota e distúrbios do metabolismo ósseo, como a osteopenia e osteoporose.

As vasculites e a síndrome da linfocitose infiltrativa difusa (SLID) podem ocorrer em estados avançados, de imunossupressão profunda. A SLID guarda semelhanças com a Doença de Sjögren, manifestando-se em 3-7% dos pacientes e caracterizando-se pelo aumento das glândulas salivares, frequentemente acompanhado de boca e olhos secos, juntamente com manifestações sistêmicas, tais como pneumonia, alterações no fígado, rins e nervos. Em geral, o tratamento antirretroviral para o HIV é eficaz no controle destes sintomas.

Em conclusão, a relação entre o HIV e as doenças reumatológicas é complexa e está em constante evolução. 

A epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Humana transformou-se ao longo das décadas, graças aos avanços no tratamento antirretroviral, possibilitando um melhor controle da doença e uma maior sobrevida para os pacientes. 

No entanto, surgiram também novas manifestações reumatológicas relacionadas a reconstituição imunológica e aos efeitos adversos dos tratamentos, exigindo uma abordagem mais cuidadosa.

Uma compreensão contínua da interação entre o HIV e as doenças reumatológicas é crucial para fornecer o melhor cuidado possível aos pacientes afetados por essa complexa condição médica.

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