Diferenças entre artrite, artrose e osteoartrite

Artrite, artrose e osteoartrite são termos frequentemente utilizados no cotidiano, muitas vezes como sinônimos, o que pode gerar confusão entre pacientes e até mesmo entre profissionais da saúde. 

No entanto, cada um desses termos possui características clínicas e fisiopatológicas distintas, sendo essencial compreender essas diferenças para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. 

Continue lendo e esclareça as principais distinções entre essas condições, explorando suas causas, sintomas, evolução e abordagens terapêuticas, com base em fontes confiáveis da literatura médica brasileira.

Artrite

A artrite é um termo genérico que designa a inflamação das articulações. Ela não é uma doença específica, mas sim um sintoma comum a diversas condições reumatológicas. A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) define a artrite como um processo inflamatório que pode acometer uma ou mais articulações, sendo caracterizado por dor, calor, vermelhidão, inchaço e, em alguns casos, perda de função da articulação acometida. 

As causas da artrite são variadas e incluem doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, doenças infecciosas (artrite séptica), doenças metabólicas (como a gota) e até reações a processos traumáticos. Em muitos casos, o acometimento articular é apenas uma das manifestações de uma doença sistêmica.

A artrite reumatoide, por exemplo, é uma das formas mais conhecidas de artrite. Trata-se de uma doença autoimune crônica que acomete principalmente as articulações das mãos e dos pés, podendo levar à deformidade articular progressiva se não tratada adequadamente. Estima-se que a artrite reumatoide atinja cerca de 1% da população mundial, sendo mais prevalente em mulheres entre 30 e 50 anos. De acordo com dados da SBR, a doença afeta aproximadamente 2 milhões de brasileiros. 

O diagnóstico é baseado na avaliação clínica, exames laboratoriais (como o fator reumatoide e os anticorpos anti-CCP) e exames de imagem. O tratamento envolve o uso de medicamentos modificadores da doença (como o metotrexato), corticosteroides, anti-inflamatórios e, nos casos mais graves, medicamentos biológicos, além de fisioterapia e acompanhamento multiprofissional. 

Artrose e Osteoartrite

Já a artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma doença articular crônica de natureza degenerativa e não inflamatória, embora processos inflamatórios secundários possam ocorrer. A artrose é caracterizada pela degeneração progressiva da cartilagem articular e remodelação do osso subcondral, o que leva à dor, rigidez, limitação de movimentos e, eventualmente, deformidades articulares. 

Diferentemente da artrite reumatoide, a artrose está associada principalmente ao envelhecimento e ao desgaste das articulações ao longo do tempo, sendo considerada a forma mais comum de doença articular em idosos.

No entanto, a comunidade científica reconhece que a inflamação de baixo grau desempenha um papel importante na fisiopatologia da osteoartrite, especialmente nos estágios iniciais da doença. Por isso, muitos autores e sociedades médicas passaram a adotar o termo osteoartrite como mais apropriado, apesar do uso popular do termo artrose ainda prevalecer entre leigos e profissionais da saúde.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a osteoartrite acomete mais de 15 milhões de brasileiros, sendo as articulações mais frequentemente afetadas os joelhos, quadris, mãos e coluna vertebral. A prevalência aumenta com a idade, sendo estimado que cerca de 70% das pessoas com mais de 65 anos apresentem sinais radiográficos da doença. 

Fatores de risco incluem idade avançada, obesidade, sedentarismo, traumas articulares prévios, predisposição genética e certas atividades ocupacionais. O diagnóstico é eminentemente clínico, baseado na história e no exame físico, podendo ser confirmado por exames de imagem como radiografias e ressonância magnética.

Tratamentos

O tratamento da artrose  tem como objetivo o alívio da dor, a manutenção da função articular e a melhoria da qualidade de vida. As abordagens terapêuticas incluem o uso de analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), condroprotetores (como a glicosamina e a condroitina, cuja eficácia ainda é debatida), além de terapias não medicamentosas como fisioterapia, perda de peso, exercícios físicos supervisionados e, em casos mais avançados, intervenções cirúrgicas como a artroplastia (substituição da articulação por uma prótese). 

Uma questão que costuma gerar dúvidas é a diferença entre os sintomas da artrite e da artrose. Na artrite, os sinais clássicos de inflamação estão presentes: dor intensa, calor, vermelhidão, inchaço e rigidez matinal prolongada, que melhora com o movimento. 

Já na artrose, a dor costuma ser mais mecânica, ou seja, piora com o uso da articulação e melhora com o repouso. A rigidez articular matinal, quando presente, é geralmente breve (menos de 30 minutos) e a inflamação visível é menos comum. Esses aspectos são fundamentais para a diferenciação clínica entre as duas condições.

Outra distinção importante refere-se à evolução da doença. A artrite reumatoide, por ser uma doença autoimune, tende a ter uma evolução progressiva,  levar a deformidades importantes.. Já a artrose tende a ser assimétrica e localizada, afetando mais intensamente as articulações que suportam peso ou que foram submetidas a sobrecarga ao longo do tempo. A distinção é crucial não apenas para o diagnóstico, mas também para o planejamento terapêutico e o prognóstico do paciente.

Nos últimos anos, avanços na pesquisa científica têm permitido uma melhor compreensão da fisiopatologia dessas doenças, especialmente da osteoartrite. Estudos apontam que, além do desgaste mecânico, há um componente inflamatório crônico de baixa intensidade, mediado por citocinas e metaloproteinases, que contribui para a destruição da cartilagem. 

Essa nova perspectiva tem levado ao desenvolvimento de terapias-alvo para osteoartrite que visam modular a resposta inflamatória e interromper a progressão da doença. No entanto, estes tratamentos ainda estão em fase de pesquisa clínica. 

Já no caso das artrites o tratamento é direcionado para a patologia específica. No caso das doenças autoimunes como artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico o tratamento consiste principalmente no uso de imunomoduladores como a hidroxicloroquina, imunossupressores, biológicos e inibidores da JAK.

É importante mencionar que, embora as doenças articulares não tenham cura definitiva, seu controle adequado é possível com o diagnóstico precoce, o tratamento correto e o engajamento do paciente. 

Campanhas de conscientização promovidas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e pelo Ministério da Saúde têm buscado informar a população sobre os sinais e sintomas dessas doenças, incentivando a busca por atendimento especializado ao menor sinal de comprometimento articular.

Embora os termos artrite, artrose e osteoartrite sejam muitas vezes utilizados como sinônimos, cada um se refere a condições distintas, com causas, manifestações clínicas e abordagens terapêuticas diferentes. 

A artrite envolve um processo inflamatório articular, podendo estar associada a doenças autoimunes ou infecciosas, enquanto a artrose, ou osteoartrite, é uma condição degenerativa relacionada ao envelhecimento e à sobrecarga articular. 

O conhecimento adequado dessas diferenças é essencial para que os profissionais de saúde possam oferecer o melhor cuidado possível aos seus pacientes, promovendo uma vida mais ativa, com menos dor e melhor funcionalidade.

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