O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma patologia autoimune ainda desconhecida por muitas pessoas. Ainda que não exista cura para a doença, o lúpus pode ser controlado quando tratado de forma eficaz, garantindo qualidade de vida e bem-estar ao indivíduo.
Dentre os principais desafios relacionados a essa condição, está a gestação. Afinal, quem tem lúpus pode engravidar? Continue a leitura para entender.
O que é Lúpus?
O LES é uma doença crônica, imunomediada e inflamatória, que pode se apresentar com manifestações diversas em diferentes órgãos e sistemas. É uma doença que acomete mais o sexo feminino com pico de incidência durante o período reprodutivo (de 15 a 45 anos).
É uma patologia complexa e heterogênea, e tipicamente cursa com períodos de remissão e recidiva (surtos) ao longo do tempo. As manifestações clínicas podem diferir significativamente de paciente para paciente, assim como a gravidade da doença.
Sintomas do Lúpus
Sintomas constitucionais como febre, perda de peso e fadiga são muito frequentes. Além disso, qualquer um desses locais podem ser acometidos:
- Pele e mucosas
- Articulações
- Rins
- Cérebro
- Serosas
- Pulmões
- Coração
- Trato gastrointestinal
Lúpus: como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do lúpus começa pela suspeita clínica, diante de manifestações típicas nos locais citados acima. Porém, na grande maioria das vezes, é necessário exames complementares, como exames de sangue, para confirmar o diagnóstico. Ainda que não exista exame específico para o lúpus, a presença do fator ou anticorpo antinuclear (FAN), em pessoas com sintomas característicos da doença, aumenta a suspeita diagnóstica.
Os exames laboratoriais são fundamentais, não só para a confirmação, como também para identificar se o lúpus está em atividade.
Como funciona o tratamento para o Lúpus?
Por se tratar de uma doença que acomete o sistema imunológico, muitas vezes precisamos de medicamentos para modular ou controlar o sistema imune.
O tratamento de pessoas com lúpus varia conforme a manifestação. Desse modo, é individualizado. Em alguns casos, o tratamento pode exigir o uso prolongado de algumas medicações, e até mesmo a associação delas.
Contudo, além da terapia medicamentosa, o paciente com lúpus deve ter outros cuidados essenciais, evitando a piora dos sintomas. Portanto, é importante:
- manter uma alimentação equilibrada;
- evitar condições de estresse;
- evitar consumo de bebidas alcoólicas;
- abandonar o tabagismo;
- evitar o uso de anticoncepcionais com estrogênio;
- adotar medidas de proteção contra irradiação solar;
- realizar atividade física regularmente;
Esses cuidados ajudam a evitar a piora do quadro de sintomas e auxiliam na melhora do controle da atividade inflamatória. Desse modo, contribuem para o bem-estar e qualidade de vida.
Lúpus e gravidez
Uma dúvida comum relacionada ao lúpus é a possibilidade de gestação. Durante muitos anos, médicos acreditaram não ser possível que uma mulher com lúpus pudesse ter filhos. Contudo, a gravidez é possível, desde que esta seja programada.
A importância da gestação programada
É recomendado que a mulher engravide somente quando o lúpus estiver em remissão há pelo menos 6 meses. Além disso, alguns medicamentos usados para o lúpus precisam ser suspensos antes da gravidez e outros, como a hidroxicloroquina, são importantes de serem mantidos. Alguns exames devem ser feitos antes da concepção, para avaliar os riscos para a mãe e para o feto. Por isso, o planejamento da gestação deve ser discutido com o médico reumatologista,
Complicações na gravidez
A chance de abortamento em uma mulher com lúpus existe. Entretanto, a chance é pequena, assim como o risco de um bebê prematuro ou com baixo peso. Por outro lado, mulheres com hipertensão, seja causada pelo lúpus ou não, apresentam maiores chances para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia.
Além disso, a depender da presença de alguns anticorpos na mãe, há o risco, mesmo que mínimo, de lúpus neonatal após o nascimento do bebê, condição que pode cursar com bloqueio cardíaco (batimentos mais lentos, as vezes exigindo o implante de marcapasso), manifestações cutâneas e hematológicas no recém nascido.
Conclusão
Vimos neste conteúdo que uma pessoa com lúpus pode engravidar, desde que a gestação seja planejada junto ao médico reumatologista. Além disso, o pré-natal é fundamental, como em todos os casos. Afinal, permite o acompanhamento da saúde da mulher e do desenvolvimento da criança, evitando complicações e identificando possíveis problemas precocemente. Por isso, a mulher deve iniciá-lo rapidamente.
Ainda que a gestação possa ser considerada arriscada, quando os cuidados adequados são realizados, a gravidez em uma pessoa com lúpus acontece sem maiores intercorrências.
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